
Mas a dúvida que nos vem à cabeça é a seguinte: Carlitos (Chaplin) vence ou é vencido pelo sistema?
Ao meu ver, ele é vencido para nos mostrar a força à qual estamos submetidos. E também como seria o nosso fim se nos deixássemos ser vencidos por completo (mesmo que nós, atualmente, tenhamos a "ilusão" de que não somos vencidos).
O filme retrata a "Grande Depressão" do momento "Pós Queda da Bolsa", momento onde surgem as greves pelos direitos trabalhistas e tal. Devemos observar o contexto histórico para entender o filme.
No primeiro momento do filme Carlitos é um personagem gracioso que demonstra o ser humano sem essa abdução pelo sistema e que demonstra seus sentimentos, mas que a princípio demonstra um certo comprometimento com a tarefa que lhe foi passada. Com o desenvolver da ganância dos detentores dos meios de produção Carlitos e os demais são submetidos à sobrecarga das tarefas, onde surge a expressão podemos dar destaque à expressão "Tempo é dinheiro". Mas a agressividade e rapidez com que a evolução do capitalismo tomou conta da trama, fez com que Carlitos tivesse uma explosão interna de sentimentos confusos ao qual existiam ainda o comprometimento, porém seus próprios sentimentos e interesses eram abafados pela sede de produção.
Durante a trama o nosso gracioso personagem demonstra também o fracasso do sistema em si. Entrando e saindo diversas vezes da prisão, e formando vínculos que lhe forneceram (involuntariamente) "regalias" da sociedade na época. Coisas que não mudaram muito com o passar dos tempos. Carlitos conseguia se safar de algumas armadilhas do sistema com sua ingenuidade afinal, o sistema é falho para quem não o assume.A personagem secundária dá destaque a outro ponto importante: a exclusão (das camadas pobres) do sistema e a relação com as necessidades vitais (comer, ter um teto). No primeiro momento, a namorada de Carlitos demonstra o estado das pessoas que não tinham como aceitar o sistema e os quais eram agredidos por esta atitude. Mas com o desenvolver, ela demonstra também a aceitação da maneira que "nós" aceitamos. Involuntariamente mas por questão de necessidades.
Acredito que este foi o melhor e mais lindo filme que já vi, onde junta a graciosidade e talento (até mesmo a circense - a cena do patins foi demais) de Chaplin. Um marco considerável na história.